O que as empresas, principalmente as alemãs, estão usando e obtendo de resultados com esta nova ferramenta.
Esta foi uma reportagem da Revista Exame do dia 22/8/2016 - na
íntegra
A GE é uma empresa centenária de sucesso que ao longo de sua
história inventou coisas fundamentais para humanidade, assim como Thomas Edson
fez com a lâmpada. Ana Lúcia Caltabiano, VP de RH da GE para América Latina,
disse que: “Buscar novas possibilidades e explorar o desconhecido está no DNA
da GE e na área temos trabalhado em várias frentes, quebrando alguns paradigmas
para humanizar mais a empresa. Portanto, experimentar a metodologia das
Constelações foi mais uma ousadia que valeu a pena”. Fazer diferente também
está no DNA da Corall e ousamos em um projeto com a equipe de RH da GE
aplicando metodologias inovadoras, como a Constelação Organizacional, em mais
uma experiência transformadora.
A Constelação Sistêmica é uma dinâmica que foi desenvolvida pelo
alemão Bert Hellinger e tem como objetivo buscar soluções para todo tipo de
questão: familiar, pessoal, profissional e, inclusive, organizacional. Hellinger
constatou que em todo sistema existe uma dinâmica oculta que influencia seus
membros e sua relação com esse sistema. A Constelação traz luz à essa dinâmica,
até então oculta, nos permitindo perceber o que não está visível, revelando
insights e favorecendo a solução da questão.
No âmbito das organizações, a Constelação pode ser usada para
buscar respostas sobre diversas questões e ajudar na tomada de decisões
empresariais como, por exemplo, avaliar o impacto de novas estratégias e
estruturas, revelar como lançamentos de produtos serão recebidos pelo mercado,
identificar dinâmicas de relacionamento entre áreas dentro e fora das empresas,
entre outras. Desta forma, o cliente acrescenta perspectivas que vão além da
análise cognitiva e incluem outras percepções que contribuem na tomada de
decisões e na busca de soluções.
A partir de uma questão que é apresentada pelo cliente,
escolhemos representantes para alguns elementos que fazem parte do sistema e os
colocamos em relação aos outros. A partir da colocação desses representantes,
acessamos um campo de energia que nos mostra onde se encontram as dinâmicas
ocultas naquele sistema. O representante se conecta ao que ele representa e
passa a perceber no corpo sensações e sentimentos vinculados ao elemento e os
compartilha com o facilitador. A constelação segue com o movimento dos
representantes e o facilitador observa as relações entre eles na busca de uma
posição de maior entendimento e força para o cliente e o sistema.
O contexto do projeto na GE era uma grande transformação em
gestão de pessoas. A empresa tinha decidido abandonar o modelo de avaliação
anual de performance e evoluir para um novo modelo fluído, onde o feedback
acontece de forma menos estruturada e mais frequente. O RH seria o agente
catalizador desta transformação, mas a organização sentia que precisava fazer
algo diferente para incorporar e tornar vivo esse modelo dentro do setor.
Segundo Ana Lúcia, “Era muito importante que nós, o time de liderança de RH,
sentíssemos na pele a mudança e não fossemos somente os facilitadores da
implementação global.”
Além disso, a GE estava implementando uma nova organização no
setor que envolvia a transformação estrutural complexa onde os RHs das unidades
de negócio deixariam de reportar diretamente ao líder do negócio para uma nova
posição de Recursos Humanos em cada geografia. Esta mudança gerava muita
ansiedade pois o novo modelo afetaria a vida de todos e seria implementada em
pouco tempo em toda a região.
Contando com a abertura e a confiança da Ana Lúcia e da equipe,
desenhamos um workshop ousado adotando metodologias inovadoras como práticas
meditativas, exercícios de conexão emocional e um jantar às cegas para criar um
ambiente de confiança e construirmos o campo para realizar uma constelação
organizacional que revelou uma outra perspectiva sobre o que estava acontecendo
na equipe e na função de RH.
No caso da GE a questão que foi tratada na constelação era: O
que ainda não sabemos que é importante para a nossa transformação
organizacional? Neste contexto, os membros da equipe representaram, os diversos
elementos da nova estrutura de RH (RH do Negócio, RH do País, Operações,
Centros de Expertise e Equipe de RH) bem como os clientes da função, como os
líderes de negócio e os colaboradores da empresa.
Na constelação vimos que todos os funcionários do setor estavam
ansiosos e os líderes de negócio estavam observando de longe, enquanto o RH do
país estava tentando definir seu lugar em face ao novo desafio e os centros de
expertise precisavam ter maior participação no processo. Estes insights levaram
o time de liderança da área a comunicar mais sobre a transformação para engajar
a equipe, explicar melhor a transformação para os líderes dos negócios,
aprofundar o entendimento do novo papel geográfico de RH e envolver mais os
centros de expertise para que todas as partes da organização estivessem
alinhados e engajados com a transformação.
“Observando a dinâmica, tive vários insights sobre o que estava
acontecendo e que eu não estava vendo. Com estes insights, tomamos ações,
ajustamos o projeto da nova estrutura e reconheci que a transformação era mais
profunda e complexa do que eu estava vendo. Cada uma das pessoas aprendeu muito
e nos ajudou a enxergar coisas que não conseguíamos ver de outra forma. Foi uma
intervenção que ficou e nós mudamos de verdade”, afirma Ana Lúcia.
No final de dezembro, fiquei muito tocado quando Ana me ligou
para dizer que o nosso trabalho tinha sido uma das melhores coisas que
aconteceram com ela durante o ano. Este feedback me marcou profundamente e
reforçou minha crença de que as Constelações são uma metodologia efetiva para
revelar dinâmicas que estão presentes em qualquer sistema organizacional e
podem contribuir muito para entendermos contextos complexos e agirmos para
acelerar transformações empresariais.
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